Linha mais estreita, trens mais curtos e “layout asiático”: os novos rumos da Linha 22-Marrom

Projeto do Metrô que ligará Cotia a SP avança em estudos, mas segue travado por disputas de licitação e está no fim da fila de prioridades do governo estadual

Imagem ilustrativa

Após mais de uma década de indefinições e mudanças de traçado, a Linha 22-Marrom do Metrô de São Paulo, que promete finalmente ligar Cotia à capital paulista, ganhou contornos inéditos em seu anteprojeto de engenharia.

A futura linha, que terá trens mais curtos, túneis mais estreitos e um inédito “layout asiático”, segue como uma das principais promessas para desafogar o trânsito da Rodovia Raposo Tavares, mas ainda enfrenta atrasos e disputas em licitação, o que a coloca no fim da fila dos projetos metroviários do Estado.

O gerente de Planejamento e Meio Ambiente do Metrô, Luiz Antonio Cortez Ferreira, explicou em entrevista ao Estadão que o projeto foi retomado há cerca de um ano e meio, após longos períodos de paralisação.

O anteprojeto, concluído em setembro, prevê 19 estações distribuídas ao longo de 29,7 km, conectando Cotia, Osasco e São Paulo, com três paradas dentro e no entorno da Cidade Universitária da USP.

Segundo Cortez, a Linha 22-Marrom marca um novo momento no planejamento do Metrô paulista, por cruzar os limites da capital. “Assim como as Linhas 19 e 20, ela ultrapassa o município de São Paulo, o que é inédito e absolutamente necessário pela realidade metropolitana”, afirmou.

Trens mais compactos e túneis menores: o “layout asiático” chega ao Metrô paulista

O novo traçado da Linha 22-Marrom traz soluções de engenharia inspiradas em metrôs de países asiáticos, com trens mais estreitos e bancos voltados para as janelas, a fim de liberar espaço no corredor central. O formato - conhecido como “layout asiático” - é inédito na capital paulista e visa reduzir custos sem perder capacidade de transporte.

Os vagões terão 2,65 metros de largura (contra cerca de 3 metros das demais linhas) e cinco carros por composição, totalizando 110 metros de comprimento. Essa redução permite plataformas menores e menor volume de escavação, o que, segundo o Metrô, gera economia significativa em concreto, energia e tempo de obra.

Outra inovação é a adoção de elevadores de alta capacidade no lugar das tradicionais escadas rolantes em estações mais profundas, como Granja Viana e Santa Maria (em Osasco). De acordo com Cortez, a mudança visa melhorar o fluxo e reduzir o consumo de energia em até 90%.

A estação Sumaré, na zona oeste, será uma das mais profundas da rede, com 71 metros de profundidade, o equivalente a um prédio de mais de 20 andares.

Benefícios, críticas e o desafio do investimento bilionário

Apesar dos avanços técnicos, o projeto ainda divide opiniões. Críticos apontam que o alto investimento estimado (parte de um pacote de R$ 90 bilhões que inclui também as Linhas 19-Celeste e 20-Rosa) poderia priorizar áreas mais densas e carentes da capital.

O Metrô, por outro lado, argumenta que a 22-Marrom trará benefícios sociais estimados em R$ 3,4 bilhões por ano, com impacto direto na redução de acidentes, emissões de poluentes e custos de manutenção viária.

“Mais da metade dos 678 mil passageiros previstos por dia serão pessoas que não usam o metrô atualmente. É uma linha que facilitará muito o acesso da população ao emprego, especialmente na zona oeste”, destacou Cortez.

Licitações emperradas e indefinições no governo estadual

De acordo com o portal Metrô CPTM, o Metrô de São Paulo ainda não definiu a empresa responsável pelas investigações geotécnicas e sondagens de solo, essenciais para o avanço do projeto.

A licitação, que estava prevista para setembro, foi paralisada após o Consórcio FG-Planal entrar com recurso administrativo pedindo a anulação do resultado, alegando irregularidades na documentação apresentada pela vencedora, A1MC Projetos Ltda.

O recurso aponta que a empresa apresentou documentos obrigatórios fora do prazo, o que poderia invalidar sua habilitação. O impasse pode atrasar ainda mais o cronograma de estudos da linha.

Enquanto isso, outras obras avançam: a Linha 19-Celeste já está em licitação de obras civis, a Linha 16-Violeta deve ser concedida em 2026, e a Linha 20-Rosa aguarda conclusão do projeto básico. A Linha 22-Marrom, contudo, segue em último lugar na lista de prioridades do governo Tarcísio de Freitas.

O metrô em Cotia: uma promessa que ainda depende do futuro

Nos estudos preliminares, a Linha 22-Marrom terá 29 km de extensão, 19 estações e um pátio para 52 trens, com demanda estimada em 649 mil passageiros por dia.

Em Cotia, o traçado divulgado em 2023 prevê estações no Terminal Metropolitano, Vila Santo Antônio, Sabiá, Parque Alexandra, Estrada do Embu, Mesopotâmia e Granja Viana.

Mesmo com o potencial de transformação da mobilidade e valorização urbana, o Metrô CPTM aponta que a obra deve ficar para o próximo governo estadual, com chance de leilão e início das obras apenas no final da década.

“Portanto, a Linha 22-Marrom, que promete desafogar a Rodovia Raposo Tavares, só deve entrar no radar do próximo governo do Estado, quem sabe para ser leiloada e começar a ser implantada até o final da década”, conclui o site especializado.

 

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