Golpe do falso pai de santo: Cotia é alvo de ação contra grupo que extorquia vítimas com falsos rituais

Com 120 policiais dos estados do RS e SP, ação conjunta cumpriu mandados de busca e prisão em Cotia e outras cidades; vítima perdeu mais de R$ 180 mil

Foto: Divulgação / Governo Federal 

Uma operação interestadual denominada “Falsa Fé” desmantelou uma associação criminosa especializada no chamado golpe do falso pai de santo.

Cotia foi uma das cidades paulistas onde a Polícia Civil, com apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e da Polícia Civil do Rio Grande do Sul (PC/RS), cumpriu mandados nesta quinta-feira (16).

Cerca de 120 policiais atuaram na ofensiva, que cumpriu 18 mandados de busca e apreensão e sete mandados de prisão temporária nas cidades de Cotia, Itapevi, Jacareí e na capital paulista.

Como funcionava o golpe

Segundo as investigações da Polícia Civil gaúcha, o esquema se aproveitava de pessoas em situação de vulnerabilidade emocional, oferecendo “trabalhos espirituais” por redes sociais.

Uma das vítimas, abalada após término de relacionamento, viu um anúncio de uma “mãe de santo” que prometia “trazer o amor de volta” e entrou em contato com quem se identificava como “Mãe Natasha”.

O golpe começou com valores pequenos, como R$ 300 para um ritual de amarração, seguidos por pedidos maiores de dinheiro para rituais adicionais, ameaças e extorsão.

Escalada de extorsão

Quando a mulher tentou desistir dos pagamentos, foi informada de que não poderia porque “os nomes já estavam na mesa” e que entidades espirituais poderiam puni-la caso interrompesse o processo. A partir daí, as exigências se multiplicaram: dominação de coração, casamento de almas, afastamento de rivais — todos rituais fictícios usados para extorquir a vítima.

Outro personagem apareceu depois: alguém que se apresentou como “Pai Hugo”, suposto chefe do terreiro. Ele usou linguagem autoritária, ameaças de punições espirituais, e pressionou a mulher a continuar pagando.

As transferências foram feitas por PIX e TED, variando de milhares de reais cada vez — alguns valores entre R$ 1.500 e R$ 37.000. No total, os prejuízos ultrapassaram R$ 180 mil em pouco mais de um mês.

Participação de Cotia

Em Cotia, como em outras cidades paulistas, os mandados cumpridos fazem parte da fase de investigação que localizou pessoas físicas envolvidas no esquema, com contas bloqueadas e apreensão de celulares.

Alerta da Polícia

A delegada Luciane Bertoletti, do Rio Grande do Sul, declarou que o grupo agia de modo organizado, usando perfis falsos nas redes sociais para atrair vítimas fragilizadas emocionalmente.

O delegado Cristiano de Castro Reschke reforçou que, quando a vítima demonstra intenção de desistir, os criminosos intensificam ameaças e exigem mais dinheiro — em muitos casos, criando laços de dependência e medo.

A polícia recomenda que o público fique alerta a ofertas que pareçam “milagrosas”, promessas de soluções rápidas através de rituais, pedidos de pagamento antecipado por PIX ou TED, e pressões psicológicas sugestivas de punições espirituais. Denúncias podem ser feitas via delegacias especializadas ou pelos canais oficiais da Polícia Civil.
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