Deputado pede revisão de laudos que liberaram desmatamento na região da Fazendinha

Pedido foi feito após denúncias de irregularidades em pareceres da CETESB sobre área de Mata Atlântica

Foto encaminhada ao Cotia e Cia 

A preservação do último grande fragmento de Mata Atlântica em Carapicuíba voltou ao centro das discussões ambientais e jurídicas.

A ativista Alyne Gonçalves, moradora da cidade, acionou o mandato do deputado estadual Emídio de Souza (PT) para oficiar a CETESB e o IBAMA, pedindo a revisão de laudos que autorizaram o desmatamento de uma área de aproximadamente 200 mil m² de vegetação nativa na região da Fazendinha.

O espaço, inserido na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica reconhecida pela UNESCO, é considerado o último remanescente florestal preservado do município e abriga nascentes que alimentam o Rio Cotia, além de uma fauna diversificada com mais de 130 espécies registradas, entre elas onça-parda, jaguatirica, veado-mateiro e tucanos.

Foto: Divulgação

De acordo com a Associação de Moradores da Fazendinha, há irregularidades nos laudos técnicos que embasaram a autorização para o desmatamento. O grupo sustenta que os pareceres emitidos pela CETESB divergem de levantamentos ambientais anteriores e contrariam a Lei Federal nº 140 e a Lei da Mata Atlântica (Lei nº 11.428/2006), que proíbem a supressão de vegetação secundária em estágio médio ou avançado de regeneração sem anuência federal.

O deputado Emídio de Souza encaminhou ofício à CETESB, solicitando a emissão de um novo laudo técnico, e ao IBAMA, pedindo fiscalização in loco para verificar as condições atuais da vegetação e da fauna.

No pedido, o parlamentar cita uma decisão liminar do Tribunal de Justiça de São Paulo, de 13 de outubro de 2025, que reconhece a regeneração natural da área como um “novo fato ecológico”, reforçando a necessidade de nova análise técnica.

O Tribunal de Justiça também acolheu denúncia apresentada pela associação de moradores, reconhecendo a gravidade das irregularidades e a importância da preservação da área.

Segundo Alyne Gonçalves, o movimento busca impedir a perda do último fragmento de floresta nativa da cidade. “A luta é pela vida, pela floresta e pelo direito das futuras gerações de conviver com um pedaço vivo da nossa história natural”, afirmou.

OUTRO LADO 

Procurada pela reportagem, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) informou que as análises e a autorização para o referido empreendimento "mantêm sua validade e foram fundamentadas em critérios técnicos e legais".

A reportagem também entrou em contato com o IBAMA para comentar o caso e aguarda retorno.
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