Pais marcam protesto em frente à Prefeitura de Cotia contra fechamento de salas de aula

Decisão foi tomada hoje durante reunião na EM Jd Engenho; Prefeitura decidiu fechar diversas salas de aula do Ensino Fundamental II de 3 escolas a partir de 2023; com isso, 877 alunos serão remanejados para unidades estaduais; entenda

Pais de alunos da EM Jd Engenho foram informados hoje sobre a mudança. Foto: Reprodução / Redes sociais 

Reportagem: Neto Rossi

Os pais dos alunos da Escola Municipal Jardim Engenho, em Cotia, foram informados nesta sexta-feira (2) sobre o fechamento de todas as salas de aula do Ensino Fundamental II da unidade. A mudança, que também acontece em outras duas escolas municipais, já começa a valer a partir de 2023. Ao todo, 877 alunos serão remanejados para escolas estaduais. [VEJA NO FINAL DA REPORTAGEM A DECLARAÇÃO DOS PROFESSORES SOBRE O ASSUNTO]. 

Assim que receberam o comunicado da diretora, os pais não se conformaram. Segundo funcionários que conversaram com o Cotia e Cia, alguns se revoltaram por não terem sido procurados pela gestão.

Após a reunião, os pais decidiram marcar uma manifestação em frente à Prefeitura de Cotia na próxima segunda-feira (5), às 8h. A principal reivindicação é a distância da outra escola para onde os alunos vão e também o fato de não terem sido procurados para conversar sobre a mudança.

“Eles [Prefeitura] querem transferir nossos filhos para uma escola de difícil acesso. A prefeitura não pode simplesmente decidir que não vai ter mais Fundamental II e mudar para outro local. A gente não vai aceitar essa imposição da prefeitura”, disse Elias Gomes, pai de um aluno da unidade, em entrevista ao Cotia e Cia por telefone.

No caso da EM Jd Engenho, os alunos serão remanejados para a Escola Estadual Carlos Ferreira, que fica no Jd. Torino. A unidade do Engenho passará a atender alunos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I. Para Elias, a mudança para outro bairro e o fato de se tratar de crianças são fatores que trazem preocupações aos pais.

“Ali no Engenho tem muitos pais que trabalham longe. Eu, inclusive, trabalho na zona sul de São Paulo. O meu filho sai da escola e eu fico tranquilo, porque ele está perto de casa. É um bairro que a gente já está acostumado. Agora, eles querem mandar os nossos filhos para um bairro em que a gente desconhece. É 3 ou 4 vezes a distância da escola”, criticou.

De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, os alunos remanejados para escolas estaduais serão atendidos com o passe escolar gratuito. Mas isso não agrada os pais. “A gente quer que nossos filhos fiquem na mesma escola”, reforçou Elias.

OUTRAS ESCOLAS

Além da EM Jd Engenho, as escolas Crianças de Cotia, no Pq Miguel Mirizola, e a Samuel da Silva Filho, no Mirante da Mata, também passarão pela mudança.

Segundo a Secretaria de Educação, a Escola Crianças de Cotia deixará de atender alunos do 6º ano, permanecendo apenas com uma turma. Segundo a pasta, esses alunos serão remanejados ou para a E.E República do Peru, que fica no Jd Nova Coimbra, ou para a EE Batista Cepelos, no centro de Cotia.

Já a escola Samuel deixará de atender alunos do 6º e 7º anos. Esses alunos vão para E.E Zacarias Antônio da Silva, que fica próxima ao Hospital Regional de Cotia.

Questionada pelo Cotia e Cia sobre o motivo desta mudança, a secretaria explicou que essa decisão foi tomada durante a projeção para 2023. “A rede municipal de ensino de Cotia passará por uma reorganização na modalidade de ensino, a reorganização visa o atendimento de toda a demanda escolar do município, desde o berçário até ao 9º ano”, concluiu.

VEJA ABAIXO A NOTA DOS PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL II

Declaração sobre o fechamento de salas no Ensino Fundamental II em Cotia

Na última semana de agosto de 2022 fomos informados pela Secretaria da Educação do Município de Cotia que as escolas: Samuel da Silva Filho, Crianças de Cotia e Jardim do Engenho perderão em 2023 salas do Ensino Fundamental II.

Tal decisão, tomada de forma arbitrária e autoritária, afeta de maneira grave os professores, os auxiliares, os funcionários, os gestores, os alunos e as famílias do município.

Para os alunos, as principais consequências são a necessidade de estudar em escolas distantes, pegar ônibus superlotados e perder um extenso tempo no deslocamento de casa para a escola.

Cabe lembrar que os alunos que estudarão no período da manhã, recém saídos do 5° ano, terão que pegar a condução por volta das 06h00 da manhã, e aqueles que estudam no período da tarde, chegarão em suas casas por volta das 20h00 (noite).

Os alunos com necessidades especiais, que precisam de acompanhamento constante, perderão seus professores auxiliares, fundamentais para o desenvolvimento da aprendizagem dessas crianças.

Já para os professores, essa ação impensada por parte da Secretaria, representa mais um duro golpe de tantos outros já desferidos pela atual gestão municipal. Muitos professores estão nessas escolas há mais de 10, 15 ou 20 anos e nelas solidificaram um trabalho que ultrapassa a sala de aula, sendo reconhecidos e admirados pela comunidade do entorno escolar.

Afirmamos que retirar o direito do aluno de estudar em uma escola próxima de sua residência (que faz tanta diferença para a população dos bairros no quais estão instaladas) mostra a falta de critérios pedagógicos e mesmo gerenciais na tomada da decisão, além da negligência pela resolução de importantes problemas relacionados à educação.

Por fim, somente a união de todos: professores auxiliares, alunos e familiares pode gerar a força necessária para sensibilizar aqueles que decidem sobre a educação no município, com intuito de que revertam essa decisão equivocada.

Nenhuma sala ou escola fechada em Cotia!

Pela gestão democrática na educação!
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