Diretor de escola em Cotia é afastado após denúncias de difamação e por ofender pais de alunos

Uma das mães disse ao Cotia e Cia que foi humilhada por ele dentro da escola na presença de alunos e funcionários; diretor já foi demitido de outra escola no interior de SP por denúncias semelhantes; ele nega

E.M Francisco Nunes. Foto: Google imagens 

Reportagem: Neto Rossi


A Secretaria de Educação de Cotia afastou, por 90 dias, o diretor da Escola Municipal Francisco Nunes de Oliveira, Antônio Sérgio dos Santos Gutiérrez, após receber diversas reclamações e denúncias de pais de alunos. A informação foi confirmada ao Cotia e Cia por meio de nota.

Segundo a Secretaria, há, inclusive, boletim de ocorrência contra Gutiérrez “em relação à sua conduta supostamente inadequada no exercício de sua função de diretor escolar”. Ele nega (veja o que diz o diretor no final da reportagem). 

Segundo a reportagem apurou, Gutiérrez faltava com respeito e falava de modo ofensivo com alguns pais de alunos. Há processos contra ele na Educação sobre difamação, racismo e também de preconceito contra um aluno autista.

De acordo com informações apuradas pelo Cotia e Cia, o servidor chegou a ligar no emprego de uma das mães em que ele teve uma discussão para difamá-la para seu chefe.

Uma das mães ouvidas pela reportagem, mas que não quis ser identificada, relatou um episódio entre ela e o diretor. De acordo com a mãe, ao ir na unidade para entender um problema relacionado ao seu filho, Sérgio a ofendeu na frente de todos os funcionários, alunos e demais pais presentes. 

"Ele começou a gritar comigo dentro da escola, na frente dos demais alunos. Disse que eu era indisciplinada  e que por isso meu filho era assim. Ele mandou meu filho para o conselho tutelar sem nos avisar. Ele não parava de gritar, ele não parava de me insultar e de me tratar mal. Eu fiquei com medo de ser agredida fisicamente, porque verbalmente eu já estava sendo agredida. Ele estava descontrolado. Ele não sabe falar com ninguém. Não tem postura de diretor", relatou. 

Após o ocorrido, a mãe contou que mandava seu filho para a escola, mas com medo de algo acontecer com ele. "Queria tirar ele da escola depois disso. Eu não tinha segurança mais nenhuma. Eu fiquei mandando todos os dias mensagem pra vice-diretora e para professora, perguntando se meu filho estava lá, se estava tudo bem e que era pra não deixar meu filho chegar perto dele", disse.

Além dos pais de alunos, professores também denunciaram Sérgio Gutiérrez à Educação. Em um dos casos, uma das professoras disse que ele enviou para grupos de WhatsApp mensagens constrangedoras, caluniosas e vexatórias a seu respeito. 

Diante dessas e outras denúncias, a Secretaria de Educação de Cotia informou à reportagem que foi solicitado o seu afastamento e uma instauração de uma comissão que apurará o caso e dará um posicionamento em breve.

O afastamento do diretor está publicado no Diário Oficial do município [VEJA AQUI].

DIRETOR JÁ FOI DEMITIDO DE ESCOLA NO INTERIOR DE SP

Sérgio Gutiérrez foi demitido, em 2020, da rede municipal de Educação do município de Garça, interior de São Paulo. Segundo consta nos documentos da sindicância administrativa [VEJA AQUI], o servidor utilizou "linguajar inapropriado às funções do cargo exercido" ao se dirigir a um coordenador pedagógico. 

"As verbas que recebo neste Núcleo de Educação Infantil é 'dinheirinho de pinga' perto do montante de numerário (dinheiro) que já manipulei e passaram pelas minhas mãos", disse Sérgio, segundo portaria publicada pela Prefeitura de Garça. 

O documento diz ainda que Sérgio enviava mensagens inapropriadas em grupo de rede social denominado "Gestores 2018". Segundo a sindicância, as mensagens eram de cunho eleitoral, e, apesar de devidamente comunicado da destinação do grupo (grupo de trabalho), "o mesmo não atende a solicitação".

Em outro trecho do documento, Sérgio solicita que uma professora passe por avaliação psicológica, utilizando, mais uma vez, "linguajar inapropriado". Em mensagens de texto, ele reclama que a servidora passa o tempo inteiro na unidade sem fazer nada.

"[A professora] está obesa pela tranquilidade e sedentarismo de sua atividade laboral. Se vier a óbito, dentro ou fora da sala de aula, será por obesidade mórbida, excesso de gordura corporal, que lhe vem trazendo diversas patologias, e não por estar trabalhando com o que faz (nada). Em sua sala têm 14 crianças, pela manhã é ela, uma pajem e uma professora e à tarde, só que vem uma outra professora no período vespertino", disse Sérgio, segundo a sindicância. 

OUTRO LADO

Cotia e Cia entrou em contato com Sérgio na manhã desta quinta-feira (8) pelo WhatsApp. O diretor afastado da EM Francisco Nunes disse que todas as denúncias contra ele são mentirosas e que não está tendo direito a sua defesa.

Sérgio disse também que estão colocando alguns pais contra ele e que os alunos com que teve problemas “apresentam altos índices de indisciplina e infrações acompanhados pelo Conselho Tutelar de Cotia e pela Vara da Infância e Adolescência do Fórum de Cotia”.

Ele acusa ainda alguns pais e responsáveis de quererem laudar os filhos com diagnósticos para terem direito ao Loas (benefício assistencial pago pelo INSS), por serem diagnosticados como PCD (Pessoa com Deficiência). “São utilizados contra mim na medida que tentei alterar estas realidades em minha gestão. Não consegui fazer vistas grossas, como a Secretaria Municipal de Educação queria, e ser afastado por omissão”, disse Sérgio.

“Vou exercer minha cidadania e estou procurando meus direitos juntos a órgãos oficiais e meios de comunicação de massa”, concluiu.
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