USP investiga novos casos de vírus letal detectado pela 1ª vez em Cotia há 20 anos

Os novos diagnósticos foram realizados em meio a um surto de febre amarela na região Sudeste do país. Saiba mais sobre o vírus que causa febre hemorrágica e que o nome faz referência a um bairro de Cotia

Foto: FMUSP


Uma nova pesquisa realizada pelo Instituto de Medicina Tropical (IMT) e o Hospital das Clínicas (HC), ambos da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), que diagnosticou em 2019 dois novos casos de infecção pelo vírus sabiá (SABV), aprofundou a investigação sobre esse agente causador da febre hemorrágica brasileira. Os diagnósticos foram realizados em meio a um surto de febre amarela na região Sudeste do país.

O nome do agente patogênico é uma referência ao bairro Sabiá, em Cotia, onde suspeita-se que a primeira vítima tenha sido infectada em 1990. Nove anos depois, outro caso teria sido identificado na cidade do Espírito Santo do Pinhal, na zona rural de São Paulo. Nos dois casos, o contágio acometeu trabalhadores rurais que vieram a falecer em decorrência de complicações da febre hemorrágica.

As outras duas infecções da mesma época ocorreram em trabalhadores de laboratório que, provavelmente, foram infectados enquanto manipulavam o vírus. Ambos sobreviveram.

“Alguns desses vírus possuem o ciclo viral mais bem conhecidos, já o nosso vírus sabiá possui pouquíssimos dados”, diz a médica Ana Catharina Nastri, da Divisão de Doenças Infecciosas do HC-FMUSP. “Ainda não sabemos qual é o seu reservatório na natureza, a forma de transmissão, e se existiria infecção através do contato inter-humano.”

SOBRE OS DOIS NOVOS CASOS

Os dois novos casos detectados, chamados no estudo conduzido no Hospital das Clínicas de “Caso A e Caso B”, ocorreram nas cidades de Sorocaba e Assis (no interior de São Paulo), respectivamente, e ambos os pacientes foram admitidos no Hospital das Clínicas (HC) com hipótese diagnóstica de caso grave de febre amarela.

O primeiro foi um homem de 52 anos que havia caminhado pela floresta na cidade de Eldorado (170 quilômetros ao sul de São Paulo) e passou a apresentar sintomas como dor muscular, dor abdominal e tontura. No dia seguinte, ele desenvolveu conjuntivite, sendo medicado em um hospital local e depois liberado. Quatro dias depois, foi internado novamente com febre alta e sonolência. Suspeitou-se de febre amarela e ele foi transferido para o Hospital das Clínicas.

Durante a internação, seu quadro clínico foi agravado até ele ser transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), dez dias após o início dos sintomas, com sangramento significativo, insuficiência renal, rebaixamento do nível de consciência e hipotensão, vindo a falecer dois dias depois.

O Caso B refere-se a um homem de 63 anos, trabalhador rural de Assis (440 quilômetros a oeste de São Paulo), que apresentou febre, mialgia generalizada, náusea e prostração. Os sintomas pioraram e oito dias depois ele foi admitido no HC com depressão do nível de consciência e insuficiência respiratória com necessidade de intubação. Uma disfunção ventricular esquerda grave (redução drástica da função de bombeamento de parte do coração) levou a um choque refratário e eventual óbito, 11 dias após o início dos sintomas.

Com informações do Jornal da USP
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