Itapevi: 181 famílias ainda aguardam conjunto habitacional prometido há anos por Igor Soares

Famílias contempladas pelo programa reclamam do descaso e da falta de informação; Caixa Econômica Federal, responsável pelo empreendimento, deu novo prazo para retomada das obras; veja também o que disse a Prefeitura de Itapevi

Igor Soares, prefeito de Itapevi, em vídeo que prometeu entrega do conjunto Vilaggio Ambuitá, em 2018. Imagem: Reprodução / Redes sociais 


Reportagem: Neto Rossi

Em Itapevi, 181 famílias aguardam há 7 anos a entrega dos apartamentos do conjunto habitacional Vilaggio Ambuitá. As obras do residencial começaram a ser feitas em 2015, mas foram paralisadas cerca de um ano depois devido a “entraves processuais com a antiga construtora”, segundo a Prefeitura.

De acordo com o Diário Oficial do município, do dia 17 de julho de 2018, a Caixa Econômica Federal licitou e contratou uma nova empresa para dar prosseguimento às obras. Na mesma época, o prefeito Igor Soares, em vídeo veiculado em suas redes sociais, disse que foi à Brasília “e lutou muito” para que a obra pudesse ser concluída.

“Estou aqui no canteiro de obras e dentro de um ano a construtora vai entregar as chaves para as mais de 180 famílias”, prometeu Igor em julho de 2018. No entanto, após quase 4 anos do novo prazo estabelecido, o conjunto habitacional ainda não foi entregue [VEJA ABAIXO O VÍDEO DO PREFEITO]:
 


A professora Regiane Andrea dos Santos foi uma das contempladas do conjunto Vilaggio Ambuitá. Ela contou à reportagem que inúmeras vezes já tentou fazer contato com a Prefeitura de Itapevi, mas sem êxito.

“Eles [Prefeitura e Secretaria de Habitação] não nos dão respostas. Você liga e eles não dão uma data. A Caixa Econômica também não responde. O que acontece é essa falta de informação. Nós que fomos contemplados, tentamos alguma informação pelos meios que têm e ninguém fala nada. Quando o prefeito assumiu o segundo mandato, ele falou que as obras tinham sido retomadas e que em um ano ia entregar. Mas não foi o que aconteceu”, relata.

O atraso da entrega dos apartamentos também vem complicando a vida de dona Valdete Mendes Silva. Desempregada, ela mora de favor, já que o aluguel ficou difícil de pagar depois da pandemia.

“Fui contemplada e até agora, nada. Fui atrás para me informar, mas as respostas nunca são concretas, são sempre muito vagas”, disse.

Em um grupo de WhatsApp, onde estão cerca de 60 pessoas comtempladas pelo programa, o clima entre alguns é de desânimo. “Difícil ficar nisso tudo sem nenhuma resposta. Acho que já deve ter muitos aqui [no grupo] com o mesmo desânimo que eu”, disse um integrante do grupo.

Mas outros ainda permanecem com esperança de conseguir a tão sonhada moradia própria. “Eu também estou à espera, e a minha fé é que nós vamos sim conseguir nossa tão sonhada casinha.”

Mas entre o desânimo e a esperança, o fator em comum entre todos os integrantes é a desinformação. “Até agora, o que eu sei, é que está na Justiça. Mas aí depois a gente fica sabendo que o prédio vai ser destruído. Aí agora já não sei mais de nada”, disse uma das contempladas.

PROBLEMA ESTAVA NA JUSTIÇA

Da última vez em que o Cotia e Cia fez reportagem sobre o conjunto habitacional Vilaggio Ambuitá foi em janeiro de 2021. Na ocasião, a prefeitura explicou que as obras não foram concluídas porque carecia de uma rede de esgoto que passaria pelo terreno vizinho. Informou também que a proprietária teria negado essa possibilidade e o processo foi judicializado.

“A perícia da Justiça já realizou uma vistoria no local e agora a Caixa Econômica Federal, que é o financiador junto com o governo federal, a construtora responsável pela obra e Sabesp aguardam a homologação do juiz, com a perícia realizada para implantação da rede de esgoto”, disse na época.

Ainda de acordo com a nota enviada ao Cotia e Cia, assim que liberada pelo juiz, os trabalhos seriam retomados com instalação de redes de esgoto e energia, além do acabamento nas áreas comuns do condomínio.

O QUE DIZ AGORA A PREFEITURA DE ITAPEVI

Cotia e Cia entrou novamente em contato com a Prefeitura de Itapevi nesta quinta-feira (9). Em nota, a Prefeitura respondeu que o empreendimento Villagio Ambuitá é de responsabilidade da Caixa Econômica Federal, mas diante das dificuldades enfrentadas pelos futuros moradores, "a Administração Municipal está atuando junto ao Governo Federal para que o conjunto habitacional seja entregue o mais rápido possível". 

Em recente contato com a Caixa, ficou acordado com a Prefeitura que as obras serão retomadas em breve, já que essas tratativas estão em etapa final.


OBRAS DEVEM SER RETOMADAS EM JULHO

Procurada pela reportagem, a Caixa Econômica Federal informou que o Residencial Villagio Ambuitá foi contratado no âmbito do Programa Minha Casa, Minha Vida – FAIXA I, e teve suas obras paralisadas pela construtora responsável, Mapa Engenharia e Construções Ltda.

A Caixa disse que conduziu processo para substituição da empresa com seleção da Construtora Construquali, e há previsão de assinatura do contrato para retomada das obras em julho de 2022, "o que permitirá a retomada imediata da construção do empreendimento".
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