Cotiana é selecionada com bolsa integral para PhD no Canadá: “Por nós e para nós”

Ex-moradora do Jd. Nova Vida, Mayara Almeida, 29, dará continuidade às suas pesquisas sobre planejamento urbano, raça e gênero

Mayara Almeida, 29. Foto: Arquivos pessoais 

Mayara Almeida de Paula, de 29 anos, foi selecionada com bolsa integral para um PhD (equivalente ao doutorado, no Brasil) em Planejamento, na Universidade de Toronto, no Canadá. A jovem é egressa do curso de Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

Em entrevista ao site da universidade, Mayara explicou que a aprovação no vestibular e a ida para a Ufal foram as primeiras grandes mudanças em sua vida. “Costumo dizer que esse momento me deu asas: saí de perto da minha família e amigos, mas ganhei autonomia e percebi que conseguiria dar conta”, disse.

Mayara, que morou até 2013 no Jardim Nova Vida, em Cotia, e estudou na Escola Estadual Zacarias Antônio da Silva, foi selecionada para outras grandes universidades, mas escolheu Toronto, não apenas por estar entre as 20 melhores instituições de ensino do mundo, mas por ter a oportunidade de desenvolver estudos de planejamento de cidades voltadas à inclusão.

A jovem cotiana participou do Programa de Educação Tutorial (PET) desde o primeiro ano até concluir sua graduação. Além disso, foi professora do Programa de Apoio aos Estudantes das Escolas Públicas do Estado (Paespe), voltado para estudantes do ensino médio, de escolas públicas e de baixa renda, com o objetivo de auxiliá-los na entrada em universidades públicas.

Mayara morou até 2013 no Jd. Nova Vida, em Cotia, e estudou na E.E Zacarias. Foto: Arquivo pessoal 

Suas vivências como uma jovem negra e vinda de um bairro periférico a influenciaram na escolha do seu objeto de pesquisa durante a graduação, mestrado e, agora, no PhD.

Seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), intitulado Análise Interseccional da Vida Urbana: Reflexões acerca da Condição de Mulheres Negras na cidade de Maceió-AL, foi premiado em 2019 como um dos 30 melhores do ano entre os países lusófonos pelo site ArchDaily, a plataforma de Arquitetura e Urbanismo mais visitada do mundo.

Um ano após concluir a graduação, Mayara ingressou no mestrado do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia (UFBA), um dos melhores do país e que obteve conceito 6 na última avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

“Nas minhas pesquisas, eu busquei compreender como o planejamento urbano pode e tem sido um instrumento utilizado para perpetuar as desigualdades. Mas também venho pensando em estratégias e políticas públicas que visem mitigar essas violências, especialmente vivenciadas por mulheres negras, como eu. As cidades são desenhadas pelas pessoas que detêm o poder, sendo estruturadas para atender esses grupos, em detrimento de outros”, explicou.

“Então, eu vou pro PhD me aprofundando na ideia de propor soluções feitas por nós e para nós”, complementou Mayara na entrevista que concedeu ao portal da universidade.








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