11 corpos em 3 meses: Polícia trabalha com hipótese de crimes distintos na região de Caucaia

Delegado titular do caso aponta, no entanto, que nenhuma linha de investigação foi descartada. Os 11 corpos foram encontrados com sinais de extrema violência em regiões rurais de Caucaia do Alto e Ibiúna


Corpos esquartejados, sem coração, decapitados e carbonizados. Desde o final de agosto, na região de Caucaia do Alto, distrito de Cotia, na Grande São Paulo, e no município de Ibiúna, interior de São Paulo, já foram encontrados 11 corpos (todos do sexo masculino) mutilados, com sinais de extrema violência. 

Dos 11, cinco foram encontrados no bairro Campininha, divisa de Caucaia com Ibiúna, uma região rural, com estrada de terra e sem movimento. Os últimos foram localizados nesse domingo (29/11). Segundo a polícia, os dois cadáveres estavam amarrados e com sinais de tortura. 

O primeiro corpo foi encontrado no dia 21 de agosto, na Estrada Beira Rio, em Caucaia do Alto. Ele estava com as mãos amarradas e com uma perfuração, aparentando ser um tiro na região da cabeça. Pouco mais de um mês depois, um cadáver decapitado foi localizado no bairro Campininha e, após dois dias, moradores do bairro dos Neves, também no distrito de Caucaia, encontraram um corpo carbonizado. 

No dia 27 de outubro, outro corpo foi encontrado na Estrada Beira Rio. Segundo informações, a vítima morava em Barueri e a família fez o reconhecimento no IML de Cotia. 

Já em novembro, foram sete corpos mortos com sinais de violência. Um deles, estava esquartejado, já em estado de decomposição e separado em dois sacos plásticos brancos, segundo a Guarda Civil Municipal (GCM) de Cotia. De acordo com a guarda, os braços e o tórax estavam em um saco, já as pernas foram encontradas dentro de outro saco deixado a alguns metros de distância. A cabeça da vítima não foi encontrada e, o coração, havia sido arrancado. 

Dois últimos corpos foram localizados na semana passada, com sinais de violência.
Foto: Reprodução / Redes Sociais 


NÃO HÁ RELAÇÃO ENTRE AS MORTES, AFIRMA DELEGADO 


Para o delegado titular de Cotia e de Caucaia do Alto, Gilson Leite Campinas, que conduz as investigações das mortes ocorridas no município, não há relação entre elas. Segundo ele, “cada caso é um caso”, porém, nenhuma linha de investigação foi descartada. 

“Em um dos casos, a vítima estava internada em uma clínica de recuperação de dependência química. Ele estava fazendo tratamento, saiu da clínica e apareceu morto. Tem uma série de possibilidades para motivação desse crime. Em outro caso, a família afirmou que a vítima era envolvida com o crime organizado. Você vê então que são coisas totalmente distintas. Cada caso é um caso. Não posso generalizar porque são casos totalmente distintos”, explicou ao Cotia e Cia. 

Ainda de acordo com Campinas, os corpos foram encontrados a quilômetros de distância uns dos outros, e nem todos foram executados no local. “Tem homicídios que foram cometidos no local, mas em outros [locais] os corpos foram apenas desovados. Esse que esquartejaram, por exemplo, colocaram o corpo lá, ninguém esquartejaria no local e embrulharia do jeito que estava.” 

O delegado também descartou a possibilidade de os criminosos tentarem descentralizar as investigações. “Se eles [criminosos] quisessem descentralizar as investigações, levariam o corpo na Zona Leste [de SP], por exemplo. Em Ibiúna, eu converso com o delegado de lá, a gente trabalha junto.” 

O delegado reforçou também que nenhuma linha de investigação foi abandonada e que toda a sociedade pode contribuir para solucionar esses casos. “Toda notícia que chegar, vai ser investigada. Então, a gente conta com a colaboração de todo mundo. A delegacia está aberta para receber as informações. Trazendo aqui [Cotia] ou em Caucaia, a gente vai trabalhar com essas informações”, declara. 

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) disse em nota que os casos seguem em investigação por meio de inquéritos policiais instaurados pela Delegacia de Ibiúna, mas, até o momento, não havia novidades. 


Reportagem de Neto Rossi e Rudney Oliveira
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