Para inovar, o seu funcionário deve errar

Desde criança, somos impulsionados a acreditar que errar é algo ruim. 


Somos castigados quando fazemos algo errado e ouvimos frases como “errar é humano”, que é a típica frase de consolo. Quer uma prova? Faça o seguinte exercício.

Pense no que vem à sua mente quando você ouve a palavra “erro”. Anote esses pensamentos.

Na minha mente, as primeiras palavras que aparecem são: ruim, negativo, falha, engano, não, mal.

Você percebe que não são palavras nada positivas? Isso porque o nosso cérebro, para poupar energia, faz esse tipo de associação. O cérebro quer economizar o máximo de energia possível para conseguir reagir rápido às situações, por isso ele faz associações que o ajudam a agrupar diversos tipos de coisas em uma única caixinha, que é o que chamamos de generalização. Daí nascem os vieses inconscientes, por exemplo.

Neste caso, quando eu penso em erro, o cérebro agrupa esta palavra com outras que ele entende que pertencem à mesma categoria. Como eu cresci escutando que errar não é bom, o meu cérebro associa o erro a algo ruim. Hoje, eu busco lidar com o erro de uma forma diferente e permitir que o meu cérebro mude essas associações. Mas, mesmo assim, ainda é um desafio e requer prática constante. Por isso, não se culpe se a sua primeira reação à palavra “erro” não for das melhores, pois é um processo que te acompanha desde sua infância e só pode ser mudado criando consciência e fazendo mudanças ativas no seu dia a dia.

Mas, se desde criança todos sempre te disseram que errar não é algo bom, por que mudar essa crença agora?

Porque todas as pessoas e empresas que fizeram grandes ACERTOS, também fizeram grandes ERROS.

Quando olhamos para as grandes empresas, a impressão é que elas são à prova de falhas, que o CEO tem certeza absoluta sobre todas as decisões que está tomando, e que os funcionários possuem todos os dados para apoiar cada passo que querem dar. Tenha certeza de que as coisas não são bem assim. Muitas decisões empresariais importantes são tomadas somente com os dados que a empresa tem no momento, que muitas vezes não são todos os que a companhia precisa. Inúmeros lançamentos de produtos e serviços são um total fracasso e o investimento simplesmente não se paga. A verdade é que a maioria das grandes empresas falharam e ainda falham (e muito!), mas o aprendizado com os erros faz com que elas mantenham o sucesso.

Com certeza você já ouviu falar que a Apple teve um desempenho quase à beira da falência há alguns anos. Além deste caso que já é bem conhecido, temos casos como o da empresa Philips, Puma, Grupo Pão de Açúcar, Lego, Harley-Davidson, e muitas outras, que também chegaram bem perto de fechar suas fábricas. E estes são os casos mais drásticos. No dia a dia destas empresas, muitos produtos, serviços, projetos, e novos processos, não são bem sucedidos e o dinheiro investido não paga o retorno. Startups erram todo o dia tentando inventar um novo produto que garanta a tão sonhada lucratividade.

Mas sabe qual a grande lição aqui? Para estas empresas, erros são o sinal mais claro de que elas estão em busca constante por inovação, e inovação é um grande diferencial

competitivo no mundo globalizado. O olhar que essas empresas têm para o erro é totalmente diferente do olhar que nos foi ensinado quando crianças. É uma visão positiva, que foi trabalhada na cultura e nos processos do dia a dia como uma transformação de comportamento.

O erro é o CAMINHO para inovação, mas você só chega no objetivo final se APRENDER com eles.

Aprender com o erro é o que te garante a inovação sustentável, afinal, errar sem entender onde errou não faz sentido algum. Quando algo não der certo, ao invés de desistir, busque refletir e levantar os pontos que fizeram com que as coisas não tenham dado certo. Nesses momentos, é importante ser o mais objetivo possível e tentar se livrar das questões pessoais que possam pesar na sua reflexão. Se baseie nos fatos: Em que momento as coisas começaram a dar errado? Quais dados apontam o erro? Quais eram as outras opções? Essas perguntas podem te ajudar a refletir e pensar em várias alternativas possíveis, sem desperdiçar todo o caminho que você percorreu até agora.

Quando navega por ÁGUAS DESCONHECIDAS, é natural que você cometa alguns ERROS.

Se você nunca esteve em um lugar, como saber como chegar? Na vida real, não existe um GPS que te guie exatamente para o lugar em que deseja chegar. Obviamente, existem algumas opções que te ajudam e facilitam as coisas. Mas a verdade é que não existe uma fórmula pronta, que se aplique a tudo e te guie como um mapa. É preciso explorar, com o devido planejamento, para encontrar os melhores caminhos e chegar onde deseja. Conforme for navegando, vai conhecer o mercado, seu público alvo, as barreiras de entrada, os desafios, e vai se adaptando a eles. Neste processo, é inerente cometer alguns erros, o importante é aprender com eles.

Qual o papel do seu funcionário nisso tudo?

Você entendeu que a sua relação com o erro é um processo histórico, que te acompanha desde o seu nascimento e que agora cabe a você construir um novo relacionamento com essa palavra. Também entendeu que, para crescer, é preciso errar e aprender com o erro. Se todos somos humanos e passamos por este mesmo processo, por que isso seria diferente com o seu funcionário? E se ele faz parte da sua empresa, por que o papel dele seria menor do que o seu no desenvolvimento e crescimento da empresa?

Assim como você vai errar e vai aprender com os erros para trazer inovação para a sua empresa, o seu funcionário também deve fazer o mesmo, dentro das tarefas que ele realiza no dia a dia. Da mesma forma que você está tentando aceitar os seus próprios erros e mudar a sua postura diante deles, deve fazer o mesmo quando se trata do seu funcionário. Ao invés de reprimir, busque maneiras de tirar o seu colaborador da zona de conforto e deixá-lo confortável com a possibilidade de que pode errar ao tentar algo novo, mostre para ele como pode aprender com os erros e continuar tentando até acertar. Crie uma cultura de aprendizado e inovação dentro da sua empresa, independente do tamanho dela. Seja um pequeno portão na sua garagem em que os únicos funcionários são você e outro membro da família; seja uma grande rede de

franquias com centenas de funcionários. O potencial de inovação está presente em toda empresa, e cada funcionário conta para ajudar a criar novos produtos, serviços ou processos.

Enquanto você está focado em uma parte mais estratégica, talvez o seu funcionário esteja olhando para uma parte muito mais operacional, que também tem um valor gigante na sua empresa. Com autonomia e segurança para inovar, o seu funcionário pode buscar novas maneiras de fazer algo novo e que vai trazer diferencial competitivo.

Imagine que você tem uma padaria. Enquanto está preocupado com a parte financeira e contábil, o seu funcionário é responsável por assar os pães. Ele percebe que, no período da tarde, os pães acabam muito rápido e ele precisa correr para fazer mais. Apesar da regra exigir fazer o mesmo número de pães em todos os horários, ele passa a fazer mais pães a tarde porque sabe que vão sair. Certo dia, sobram muitos pães e é preciso jogá-los fora. Sem entender o que aconteceu, você conversa com o funcionário e ele te conta a estratégia dele, mas está frustrado porque não deu certo. Ao analisar a situação e compreender o cenário, vocês notam que uma nova loja abriu no final da rua, e os funcionários buscam pães para tomar no café da tarde. No dia que houve sobra de pães, a loja estava fechada para uma pequena reforma. Ao fazer uma análise do ambiente, você percebe que além da nova loja no final da rua, existem outras pequenas lojas sendo abertas ao redor da padaria, então provavelmente existirá uma demanda por pães no período da tarde e você precisará flexibilizar a produção.

Algumas lições que podemos tirar do exemplo acima:

1º: Se o funcionário não se sentisse confortável em errar, talvez nunca tivesse tentado mudar e ficasse sempre correndo atrás da demanda que tinha que atender repentinamente.

2º: O erro, que levou ao desperdício de pães, aliado à busca por aprendizado, foi o que te levou a olhar para o ambiente ao redor da padaria e entender que precisaria mudar o seu processo produtivo.

3º: É impossível saber de tudo o que acontece dentro da sua empresa, por isso, você deve escolher bons funcionários e dar autonomia e confiança, deixando que eles sejam donos dos processos e tarefas que realizam.

O seu funcionário é o principal aliado no crescimento da sua empresa. Não o vejo como custos e despesas, mas como ativos valiosos. Invista no desenvolvimento dele, apoie suas decisões, acredite em seu potencial, e você verá que a inovação que ele pode trazer é justamente a inovação que você precisa para alavancar os seus resultados e trazer sustentabilidade para o seu negócio.

Artigo escrito por Iris Neves. A autora é pós graduanda no curso de Gestão Estratégica de Recursos Humanos na Universidade Presbiteriana Mackenzie e graduada em Administração pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Já Presbiteriana Mackenzie e graduada em Administração pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Já atuou nas áreas de Desenvolvimento Organizacional, Engajamento eatuou nas áreas de Desenvolvimento Organizacional, Engajamento e Cultura, Treinamento, Consultoria Cultura, Treinamento, Consultoria Interna de Recursos Humanos, e atualmente é Analista de Recursos Humanos. Interna de Recursos Humanos, e atualmente é Analista de Recursos Humanos. Adepta à práticas de meditação e amante de corridas de rua, Iris escreve quinzenalmente para o jornalAdepta à práticas de meditação e amante de corridas de rua, Iris escreve quinzenalmente para o jornal..

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