Caso envolve divergência entre município e instituição sobre continuidade do atendimento especializado
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Foto: Google Street Views |
Reportagem: Daniel Harzer
A inclusão de pessoas com deficiência ainda enfrenta barreiras significativas em espaços públicos e privados. Um exemplo recente aconteceu em Cotia, envolvendo João Pedro Donato de Araújo, diagnosticado com TEA (Transtorno do Espectro Autista - grave), que foi suspenso da APAE da cidade após 15 anos de atendimento.
Segundo Liane Farias, mãe de João Pedro, a suspensão ocorreu em 3 de abril de 2025, deixando a família em busca de alternativas para garantir a continuidade do tratamento. A APAE justificou a decisão alegando falta de equipe multidisciplinar para intervenções clínicas especializadas e que a família reside em outro município, no caso, Itapevi. A instituição condicionou o retorno do menino à apresentação de laudo clínico atualizado.
Liane afirma que João Pedro já é assistido por psiquiatra e neurologista, e que há laudo recomendando a manutenção do atendimento na APAE-Cotia. Sem alternativas na cidade vizinha, a família procurou a Prefeitura de Itapevi e a APAE local, mas ambos informaram não possuir serviços adequados para o tratamento do garoto.
"Desde o afastamento do João da APAE, nossa vida se tornou muito mais difícil. Ele perdeu a rotina e os estímulos que recebia, ficando mais agitado e ansioso em casa. Para mim, como mãe e cuidadora integral, a sobrecarga é enorme, pois ele depende de mim em tempo integral ", relata Liane. "Vivemos em constante cansaço físico e emocional, sem o suporte que antes nos ajudava. É um sofrimento diário ver meu filho nesta condição", desabafa.
O Cotia e Cia teve acesso ao relatório técnico da Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania de Itapevi, que recomenda à APAE-Cotia a reinserção de João Pedro, destacando a importância de manter vínculos construídos desde a infância.
Posição da APAE-Cotia
Procurada pelo Cotia e Cia, a Apae Cotia afirmou em nota que as demandas atuais excedem ao escopo de atuação do serviço, e orientou a família a buscar atendimentos complementares na rede socioassistencial e de saúde.
A APAE ressaltou ainda que o Serviço de Inclusão para Pessoas com Deficiência (SINPcD) atende apenas moradores do município, e que o caso segue em análise junto à Secretaria de Desenvolvimento Social e Periferias.
Posição da Prefeitura de Cotia
A Prefeitura de Cotia, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social e Periferias, informou que, em 12 de agosto, uma equipe técnica se reuniu com profissionais da APAE-Cotia e se colocou à disposição para manter o custeio da vaga de João Pedro, mesmo com a residência da família fora do município.
Segundo a Prefeitura, a instituição relatou dificuldades relacionadas ao diagnóstico e comportamento de João Pedro, alegando que diante desses fatores não identificaram avanços no atendimento, que possui características de saúde.
Durante a reunião, ficou acordado que a equipe técnica da APAE avaliaria a situação e informaria a SDSP sobre as providências a serem tomadas.
A Prefeitura destacou ainda que mantém contato constante com a mãe de João Pedro, atualizando-a sobre o processo, e reforçou que o apoio financeiro para manutenção da vaga continua garantido, mas sem interferir na decisão final da APAE. Por fim, o órgão se colocou à disposição para esclarecimentos ou informações adicionais.
A Prefeitura destacou ainda que mantém contato constante com a mãe de João Pedro, atualizando-a sobre o processo, e reforçou que o apoio financeiro para manutenção da vaga continua garantido, mas sem interferir na decisão final da APAE. Por fim, o órgão se colocou à disposição para esclarecimentos ou informações adicionais.