Entre o julgamento e o acolhimento: como enxergamos a obesidade

Coluna Nutrição Modo On: Julgar afasta, acolher aproxima: entender a obesidade é o primeiro passo para combater o preconceito

Foto: Divulgação

Nutrição Modo On, por Grazi Fernandes: Você já julgou alguém por conta de sua aparência física? E se essa pessoa for alguém com sobrepeso ou obesidade, o que passa pela sua cabeça?

Apelidos pejorativos, constrangimentos… estas são algumas das situações que pessoas obesas enfrentam ao longo da batalha contra a balança. A chamada gordofobia é o nome dado ao preconceito contra pessoas que vivem com excesso de peso.

Mas pare e pense: uma pessoa obesa gostaria de passar por situações vexatórias, humilhações e julgamentos da sociedade? Claro que não. Então por que elas estão nessa condição? Por descuido ou falta de determinação? Ou será que a obesidade é doença?

Obesidade é doença

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é o acúmulo excessivo de gordura corporal que compromete a saúde. É uma doença crônica, multifatorial e persistente, que aumenta o risco de desenvolver problemas sérios como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e até alguns tipos de câncer. Essa condição pode reduzir a qualidade e a expectativa de vida.

Quando falamos que a obesidade tem causas sociais, ambientais, econômicas, comportamentais, psicológicas, culturais, biológicas e genéticas, queremos dizer que é uma condição complexa e persistente, portanto, o individuo não tem culpa e muito menos escolheu ser obeso. É ignorância pensar o contrário. A questão aqui é sobre responsabilidade e a pessoa que sofre da doença precisa buscar tratamento.

Não existe tratamento de curto prazo. O organismo tende ao reganho de peso, exigindo acompanhamento contínuo e uma equipe multidisciplinar, com nutricionista, psicólogo, endocrinologista, educador físico, entre outros.

O peso do preconceito

Culpar quem sofre de obesidade só afasta o paciente do tratamento adequado e prejudica suas relações sociais e saúde mental.

Há pessoas que sequer entram em academias por vergonha do julgamento.

Mas o preconceito não é o único desafio que compromete a busca por tratamento. Há também a resistência de pessoas com obesidade compreenderem que estão em condições de risco, levantando erroneamente a bandeira da “aceitação e empoderamento” (empoderamento é a pessoa se cuidar e influenciar outras a se cuidarem também!) e essa justificativa só fortalece a ideia de que não há a necessidade de mudar.

Não se romantiza ou normaliza doenças!

Saúde pública

A obesidade é porta de entrada para diversas enfermidades e é considerada caso de saúde pública. Desde 1948, tem registro no Código Internacional de Doenças (CID 10 – E66).

Mas como saber se alguém está obeso?

O cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) é a ferramenta mais usada (peso ÷ altura²). No entanto, pode induzir a erros se mal interpretado. Outra medida importante é a circunferência abdominal:

Homens: risco elevado a partir de 102 cm
Mulheres: risco elevado a partir de 88 cm

Mesmo com informações disponíveis na internet, a avaliação correta deve ser feita por profissionais de saúde, que interpretam os dados e indicam o tratamento adequado.

Conhecimento salva vidas

A obesidade não é relaxo. É uma doença séria, crônica e complexa. O conhecimento gera acolhimento, combate o preconceito e pode devolver qualidade de vida a muitas pessoas.

Divulgue esta mensagem. A solidariedade e a informação são ferramentas de transformação.



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