Editorial: A imobilidade urbana em Cotia

Transporte público ruim, trânsito congestionado e metrô tratado como um sonho distante.

Raposo Tavares
Qual cidadão de Cotia e entornos nunca sofreu com constantes congestionamentos na rodovia Raposo Tavares? Ou então os longos minutos parados na estrada de Caucaia do Alto e Av. São Camilo na Granja Viana? Eles são frequente e tem aparentado uma séria piora nos últimos anos. A imobilidade em Cotia já está se tornando um problema grave, que requer soluções imediatas.

A última medida tomada pelo governo municipal para tentar desafogar parte do trânsito foi a “ampliação” – definitivamente entre aspas – da estrada de Caucaia do Alto: um serviço mal planejado, feito de qualquer maneira, para desafogar o trânsito no trecho km39-Tijuco Preto; o resultado foi a utilização do acostamento como segunda pista, deixando pedestres e ciclistas sem opção de estrada, já que o trecho também não possui ciclovias e nem calçadas. A medida foi uma “solução” rápida para um problema que demanda grandes reformas em toda a infraestrutura da cidade. Na verdade, ela pode, até mesmo, piorar a situação: o uso do acostamento desestimula os poucos ciclistas que existiam na região, obrigando-os a usar ou o transporte público ou o veículo privado, o que só contribui com a imobilidade.

Um estudo divulgado pelo Jornal Nacional (Rede Globo de Televisão), realizado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, exibido em 25 de Julho de 2014, demonstra os impactos econômicos que as filas de trânsito podem causar em uma cidade. As horas perdidas na estrada diminuem a produtividade de trabalhadores, atrapalha o transporte de produtos pelas empresas – por causa da demora na entrega, as empresas são obrigadas a colocar mais caminhões na estrada contribuindo com o congestionamento –, aumento no preço dos fretes, entre outras consequências. Apenas as duas maiores capitais brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro,  chegam a perder 98 bilhões de reais com horas no trânsito, isso corresponde a 2% de toda a produção brasileira.


"Duplicação da estrada de Caucaia do Alto"
A citação ao estudo é apenas para se ter dimensão do impacto que as horas perdidas podem causar. Apesar disso, não há na cidade uma política de incentivo a meios alternativos de transportes, como o uso de bicicletas ou transporte público. Porém, como incentivar o cidadão a usar uma bicicleta se não existem lugares seguros para andar? Como esperar que o cidadão utilize o transporte público se ele é caro e escasso? Apenas o ônibus já não é capaz de suprir uma cidade tão grande como Cotia. A busca pela melhoria nesse caos demanda um trabalho longo e muito bem planejado, caso contrário, medidas desesperadas como o rodízio começarão a ser aplicadas em um futuro não muito distante.

A maior causa do aumento da imobilidade em Cotia está na falta de estímulo para a implantação de indústrias nas periferias da cidade. Sem opção, as pessoas são obrigadas a trabalhar muito longe de casa, levando-as a atravessar longos quilômetros na Raposo Tavares. A construção de alguns polos industriais permite certa esperança nesse quesito, mas é preciso esperar para se ter certeza.

Transporte público é deficiente em Cotia.
É necessário reduzir o incentivo a compra de veículos. Todo cidadão tem o direito de ter seu carro próprio, todavia ele não pode ser a única opção no dia a dia. A expectativa é que isso melhore após a entrega da tão prometida Linha 22 do Metrô (Cotia – São Paulo), porém a linha só deve ficar pronta após 2020, pelo menos a entrega do estudo funcional da linha deve ficar pronto no inicio de 2015. A conversa do metrô já é antiga e é por isso que a população precisa acompanhar o andamento do projeto e pressionar para que ele seja executado, afinal, parte do dinheiro utilizado é público.


Metrô: Uma necessidade, tratada como um sonho por governantes



Por: Carolina Marins (Cotia e Cia) | Edição: Rudney Oliveira (Cotia e Cia).
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